Desenvolvimento nativo ou multiplataforma? Assunto extremamente importante e debatido no universo mobile. Tópico que só tem ganhado destaque devido ao aumento na demanda por apps mobile ao redor do mundo!
Mas afinal de contas, o que é desenvolvimento nativo e o que é multiplataforma (ou como muitos conhecem, cross-platform)? Quais são as diferenças? O que é melhor para empresas? O que é melhor para a carreira de um desenvolvedor mobile? Existe uma solução perfeita!?
Enfim, são muitas dúvidas, eu sei! Mas não se preocupe! Tentaremos responder tudo nesse artigo! Então continue lendo!
Relação UX e Mobile Dev.
Antes de falarmos sobre as diferentes abordagens para desenvolvimento mobile, é fundamental falarmos sobre o conceito de experiência de usuário (UX). Até porque, o ganho em UX é o grande argumento a favor para o desenvolvimento nativo. As últimas ferramentas para desenvolvimento cross-platform tem tentado, cada vez mais, implementar experiências de usuário tão fiéis quanto a das SDKs e IDEs próprias de cada sistema operacional.
O que é UX?
Resumindo, experiência de usuário – do inglês, user experience (UX) – é o conjunto de sensações e percepções que uma pessoa tem ao comprar um produto ou contratar um serviço especifico. Obviamente, esse conceito também se aplica ao mundo da TI, para softwares, apps e sistemas como um todo. Aspectos como:
- Facilidade de aprendizado e uso;
- Localização e aparência de ícones;
- Cores típicas;
- Caminhos e configurações típicas;
- Usabilidade e facilidade de uso;
- Velocidade de aplicações;
Tudo isso gera um sentimento e um conjunto de sensações que podemos caracterizar como a experiência do usuário (UX) com aquele software. Evidentemente, sistemas diferentes possuem UX distintas. Qualquer aplicativo que fuja do universo ao qual o usuário está acostumado não terá uma receptividade tão natural.
Faça um teste você mesmo!
Analise o seu smartphone de acordo com os itens listados anteriormente. Ao final da sua análise, você terá uma lista dos apps com a melhor UX, de acordo com o seu gosto que, “tende” a ser similar aos demais usuários daquele sistema operacional. Tenho certeza que nomes como Uber, Cabify, Nubank, Spotify, Whatsapp, Instagram e Netflix estarão no topo da sua lista.
Melhor UX em mobile nativo
Enfim, tudo isso para dizer que o desenvolvimento nativo para mobile irá focar o máximo em extrair as características de cada sistema. Com isso, irá criar uma UX fiel ao sistema operacional usado, seja ele Android, iOS ou qualquer outro. Já, o desenvolvimento cross-platform (a grosso modo) usa o mesmo código para sistemas diferentes. Isso é possível graças a utilização das linguagens HTML, CSS e mais uma linguagem de programação, que pode variar conforme a ferramenta escolhida para o desenvolvimento multiplataforma.
“Entendi, desenvolvimento nativo é sempre melhor!”
Não! Não é tão simples assim! Nem tudo na vida é 0 ou 1. Agora que definimos o que é UX, com mais calma, iremos analisar as vantagens e desvantagens de cada abordagem de desenvolvimento mobile. Vamos aos pontos!
O que é desenvolvimento nativo?
O desenvolvimento nativo é o modo tradicional para desenvolvimento de aplicações mobile. Em outras palavras, a equipe de desenvolvimento cria um aplicativo para cada sistema operacional no qual o app será lançado. Se uma aplicação vai ser lançada em Android, iOS e Windows OS, então serão três aplicativos diferentes. Cada um desses programas é criado com a SDK, IDE e recursos próprios de cada sistema operacional. Para exemplificar:
- Apps para iOS: IDE Xcode e linguagem Swift ou Objective-C
- Apps para Android: IDE Android Studio e linguagem Java
Pensando nessa sistemática, para acelerar o tempo de desenvolvimento dos apps, diferentes equipes são alocadas para cada sistema operacional distinto. Dessa forma, uma equipe especializada em iOS desenvolve a versão do app para iPhones e iPads, enquanto outra equipe com foco em Android desenvolve o app utilizando o Android Studio. Seguindo a mesma lógica para diferentes sistemas mobile.
Outra alternativa é alongar o tempo de desenvolvimento. Nesse caso, uma mesma equipe irá ser responsável pelo desenvolvimento nos diferentes sistemas previstos.
“Tudo isso para garantir a UX?”
Exato! Querendo ou não, o termo UX atualmente é praticamente sagrado. Então, em muitos casos, esse esforço é recompensador. Principalmente em mercados extremamente competitivos. A utilização da IDE e das SDKs próprias de cada sistema operacional oferece mais recursos para proporcionar a melhor experiência ao usuário da aplicação. Os aplicativos desenvolvidos de forma nativa possuem features e usabilidade 100% características daquele sistema operacional. Sendo assim, para resumirmos:
Vantagens:
- Capacidade de proporcionar uma experiência de usuário mais característica do sistema operacional do app;
- Desenvolvimento com SDKs e IDE do próprio sistema operacional, extraindo o máximo do sistema operacional.
Desvantagens:
- Necessidade de equipes de desenvolvimento especializadas para cada sistema operacional previsto;
- Custo elevado para manter mais de uma equipe de desenvolvimento;
- Mais tempo dedicado para o desenvolvimento e release.
Se você está decidido a usar a abordagem nativa de desenvolvimento mobile, na Becode, temos dois cursos que podem ajudar você a dar esse primeiro passo na área. O curso de desenvolvimento para Android e também temos o treinamento de Swift, para iOS. Dê uma olhada nos treinamentos. Tenho certeza de que você irá gostar.
O que é desenvolvimento multiplataforma?
A abordagem cross-platform diz respeito à criação de um aplicativo por meio de um único processo de desenvolvimento, onde o resultado final serão apps lançados em plataformas diferentes (Android e iOS, por exemplo).
Isso é possível graças a ferramentas e frameworks de desenvolvimento que utilizam linguagens web como HTML5, CSS3 e Javascript (ou outras linguagens de programação possíveis). Os principais sistemas operacionais do mercado mobile suportam essas linguagens e suas APIs, de forma que, ao criar um aplicativo baseado nessas ferramentas, o mesmo código pode ser compilado para sistemas operacionais diferentes.
Vantagens:
- Permite o desenvolvimento de apps para diversas plataformas mobile, a partir de um código comum;
- Não requer a existência de equipes de desenvolvimento específicas para sistemas e plataformas diferentes;
- Acelera o tempo de desenvolvimento, pois o aplicativo é desenvolvido para várias plataformas ao mesmo tempo;
- Custos são menores, pois a equipe é mais enxuta.
Desvantagens:
- Apesar das ferramentas estarem se aproximando das características gráfica e nativas de cada sistema mobile, ainda há uma desvantagem considerável quando o assunto é experiência do usuário (UX).
Ferramentas multiplataforma
O desenvolvimento multiplataforma tem ganhado muitos adeptos ao longo dos anos. Com isso, o mercado também se expandiu consideravelmente. Logo, novas ferramentas cross-platform foram surgindo no mundo do desenvolvimento mobile.
Diante desse cenário, atualmente, se você optar pela abordagem cross-platform, é essencial estar por dentro das principais ferramentas existentes no setor. Pensando nisso, listamos abaixo algumas das ferramentas mais conhecidas para facilitar a sua busca e escolha:
1- FireMonkey
O FireMonkey é um software desenvolvido pela Embarcadero. Com a ferramenta é possível desenvolver para iOS, Android, Windows Phone e Mac OS. Trata-se de uma ferramenta focada em desenvolver aplicativos visualmente ricos. Portanto, o software possui um ótimo recurso para visualizar a aparência de cada nova adição de código. Veja mais no site oficial.
2 – Xamarin
O Xamarin foi criado pela Xamarin Studio em 2013. É uma IDE que permite o desenvolvimento de apps utilizando a linguagem C#. Além disso, a ferramenta possui integração com o Microsoft Visual Studio, o que permite que usuários acostumados com essa IDE não precisem migrar de ambiente. É uma ferramenta especialmente atrativa para desenvolvedores C#. Faça o download e conheça mais aqui.
3 – Motorola Rhomobile
Ferramenta desenvolvida em Ruby. Trata-se de uma IDE que suporta desenvolvimento para um número considerável de plataformas, como:
- Windows Mobile;
- Symbian;
- Android;
- iOS;
- E entre outros.
É baseado no Rhodes, um framework open source para desenvolvimento cross-platform. Visite o site oficial para saber mais.
4 – PhoneGap
Trata-se de um framework para desenvolvimento de apps mobile. O software utiliza-se da tecnologia Apache Cordova para acessar funções comuns nos smartphones (geolocalização, gps, câmera e por ai vai…). Com o PhoneGap, é possível desenvolver para:
- Android;
- Symbian;
- Palm;
- Blackberry;
- iPhone;
- E entre outros.
Os cursos e a documentação do PhoneGap são diferenciais interessante em relação aos seus competidores. Conheça mais sobre a ferramenta no site oficial.
5 – Adobe Air
Desenvolvido pela renomada Adobe, o Adobe Air utiliza extensões AIR (Adobe Integrated Runtime) para poder acessar recursos específicos nativos dos sistemas operacionais. Pode ser usado para as principais plataformas do mercado. É uma ferramenta que fornece um bom nível de experiência de usuário, quando comparado com outros concorrentes. Está disponível no site da Adobe para download. Veja mais aqui.
6 – Appcelerator
Criado pela empresa Axway, o Appcelerator é desenvolvido em Java Script. Segundo a empresa, quase um milhão de desenvolvedores em todo o mundo utilizam a plataforma. É uma opção avançada de desenvolvimento multiplataforma. Conheça mais no site do software.
7 – Ionic
Focado em performance, design e otimizações, essa ferramenta visa ao máximo se aproximar das aplicações nativas. Entre as tecnologias utilizadas no Ionic, encontramos o AngularJS, TypeScript, HTML5 e o JavaScript. Veja mais sobre o Ionic aqui.
Como escolher uma ferramenta!?
Sim, são muitas ferramentas! E a escolha não é tão simples. Contudo, procure sempre se guiar pelas tecnologias que são exigidas em cada ferramenta. Digamos, se você sabe JavaScript, procure usar uma ferramenta que use o JavaScript para o desenvolvimento mobile e não o C# (sim, meio óbvio).
Além disso, como existem diversas ferramentas e as empresas e programadores usam muitas versões diferentes. No desenvolvimento multiplataforma, é extremamente importante conhecer os principais sistemas operacionais e seus aspectos relativos à experiência de usuário. Assim, ao utilizar uma ferramenta multiplataforma ou outra, você vai ter mais facilidade em aprender os pontos específicos de como usá-la com eficiência em seus projetos mobile.
Multiplataforma ou nativo, qual é melhor?
Ao pesarmos as vantagens e desvantagens de cada tipo de desenvolvimento, fica claro que não é uma escolha simples. Depende muitas das suas necessidades como programador ou dos requisitos da empresa. Para uma empresa, ter times especializados em sistemas operacionais diferentes pode ser muito caro. Entretanto, isso irá proporcionar uma melhor especialização e experiência de usuário (UX) para os aplicativos. Por outro lado, equipes que trabalham com ferramentas cross-platform podem ser mais enxutas e, mesmo assim, criar “apps multiplataforma” em muito menos tempo. Sendo assim:
- O tipo de cliente da empresa é um fator importante. Digamos que 90% da receita provém de aplicativos Android. Nesse caso, não existem motivos suficientes para ter uma equipe especializada em iOS. Você pode investir no desenvolvimento nativo focado exclusivamente em Android.
- Já, quando a criação de apps para várias plataformas é um requisito fundamental e os custos não permitem ter equipes especializadas, é melhor utilizar-se da abordagem de desenvolvimento cross-platform.
- Caso o objetivo seja ser uma referência em um sistema operacional e, com isso, conseguir extrair o máximo do sistema e, a partir disso, proporcionar a melhor UX possível. Pensando por esse lado, a criação nativa de apps é mais indicada.
- Do ponto de vista de programadores e freelancers, existe aquela velha questão: ser generalista ou especialista. Há quem defenda cada uma das opções, e a verdade é que o seu perfil como profissional e pessoa é determinante para indicar qual é a melhor opção para você. Ser especialista é mais arriscado em termos de emprego e oportunidades, contudo, tende a remunerar melhor. Nesse caso, o desenvolvimento nativo é o mais indicado. Agora, se você quer ter estabilidade e estar sempre empregado. Aprenda a desenvolver para Android, iOS e também saiba como utilizar as ferramentas multiplataforma.
Resumindo…
Não há uma resposta certa. Você sempre terá que avaliar o ambiente atual, pesar os seus objetivos futuros e, além disso, fazer uma reflexão interna, caso você seja um profissional e não uma empresa.
O que você achou do texto? Esperamos que tenha gostado das dicas de ferramentas e em conhecer as diferenças entre essas duas abordagens de desenvolvimento mobile. Deixe os seus comentários abaixo que teremos prazer em responder! Abraços e até a próxima.