Scrum, Lean, XP… Termos que muito provavelmente você já ouviu falar por aí. Se você é da área de desenvolvimento de software então, mais ainda! Estou errado? Isso acontece devido a enorme revolução que os métodos ágeis causaram na forma como criamos aplicações e softwares. Em outras palavras, essas metodologias e frameworks revolucionaram a forma como conduzimos projetos de software.
Tá, mas que tal ir mais afundo no assunto e realmente começar a entender o que são métodos ágeis de desenvolvimento, como eles são definidos e quais são os principais “métodos” trabalhados nas empresas? Se a sua resposta foi um sim! Então, acompanhe conosco a partir deste texto!
Iremos explicar as principais definições sobre os métodos ágeis, quando, onde e porquê foram criados, além é claro de realizar uma comparação com o método antigo/clássico de desenvolvimento, o método cascata.
O que são os metodologias ágeis?
Os métodos ágeis podem ser vistos como uma resposta natural do mercado de TI. Pense comigo, a cada ano que passa, estamos nos tornando melhores e mais eficientes quanto ao tempo que levamos para concluir um projeto de software. Se compararmos o tempo que um aplicativo demorava para ser feito há 20 anos atrás com os tempos modernos, veremos que a diferença é sem precedentes.
Porém, mais do que uma resposta de mercado, os métodos ágeis basicamente são padrões que procuram acelerar o processo de desenvolvimento de um projeto, de forma coesa e funcional. Tudo isso começou a se tornar popular por volta de 2001, quando um grupo de cerca de 20 especialistas se reuniu nos Estados Unidos para avaliar a forma como os seus projetos de software estavam sendo conduzidos.
O Manifesto Ágil
Cada um deles (membros da reunião) estava usando alguma metodologia já existente. Quando a reunião se concretizou, eles perceberam que algumas características se repetiam nos diferentes métodos de desenvolvimento. Esse momento foi histórico, pois foi assim que surgiu o Manifesto Ágil. Este documento teve como objetivo padronizar o Desenvolvimento Ágil como uma metodologia independente de qual seria o framework escolhido. Scrum, Extreme Programming e entre outros.
Este manifesto foi criado para valorizar os seguintes pontos:
- Indivíduos e suas interações são mais importantes que processos e ferramentas
- Software que funciona importa mais que uma documentação abrangente
- Colaboração com o cliente vale mais do que negociação de contratos
- Responder à mudanças é melhor do que seguir planos
Isso não significa que processos, documentação, contratos e planos sejam descartados pelas Metodologias Ágeis, mas sim que eles têm uma importância secundária no processo de desenvolvimento. Quando você foca em pessoas, software, clientes e na resposta à mudanças, seu projeto sai do papel com mais velocidade e qualidade.
Mas quais são as características que fazem uma metodologia ser ou não considerada ágil? Isso é o que veremos agora!
O que caracteriza um método como ágil?
A principal diferença das metodologias ágeis é a adaptabilidade, ao contrário de métodos preditivos. Isso significa que, durante o processo de desenvolvimento, podem haver alterações no projeto e que estas alterações serão adaptadas de alguma forma, ao invés de serem postergadas para o fim do projeto.
Quando são utilizados métodos preditivos de desenvolvimento, é necessário um grande planejamento prévio, que é custoso e muitas vezes acaba perdendo o sentido, já que alterações são algo necessário durante o processo de desenvolvimento. Nas metodologias clássicas não existe espaço para adaptações ao longo do caminho, o que muda completamente na metodologia ágil!
Outra vantagem das metodologias ágeis é o fato de elas trabalharem com o conceito de feedback constante. Isto permite que a qualidade do software aumente a cada ciclo, já que estão sempre havendo testes e comunicações com os stakeholders do projeto (partes envolvidas: clientes, colaboradores, gestores…).
Além de tudo isso que já citamos, as metodologias ágeis ainda proporcionam rápidas entregas para o cliente final, diferente da metodologia tradicional onde o software só era entregue após estar 100% pronto. Com as metodologias ágeis a todo momento, pequenas entregas são realizadas, isso para manter o caráter da adaptabilidade. Em outras palavras, com isso o cliente consiga testar a aplicação, enxergar pontos positivos, pontos a melhorar. Enfim, adaptações ao projeto inicial.
Modelo Cascata x Modelo Ágil
Uma boa comparação que podemos fazer é entre o clássico modelo cascata e suas diferenças com relação a metodologia ágil. Apesar de ser uma metodologia nascida em meados da Segunda Guerra Mundial, o modelo cascata ainda é um dos jeitos mais comuns de se desenvolver software, apesar de suas particularidades.
Adaptabilidade
No modelo cascata, o foco do desenvolvimento está no planejamento. Para cada projeto existe um roteiro PDCA (Plan, Do, Check, Act ou, no bom e velho português, Planejar, Fazer, Checar, Agir). Devido à forma como o processo funciona, o planejamento acaba tendo uma importância extrema, pois ele irá ditar como o projeto tem que se desenvolver até a sua conclusão.
O que difere muito do modelo ágil, que tem como maior diferencial o fato de ser extremamente adaptativo. No caso, se o cliente solicitar uma alteração em alguma funcionalidade, antes do término do projeto, é possível realizar esta mudança dentro da metodologia ágil, algo que é impossível de realizar em modelos tradicionais, como o cascata.
Subdivisões
Outra diferença entre as duas metodologias é que no modelo cascata o projeto é visto como um todo, sem grandes subdivisões, o que pode ser um problema caso seja necessário trabalhar com um número elevado de pessoas. Se por acaso alguém precisar sair no meio do projeto, o membro substituto, no modelo tradicional, teria que aprender sobre tudo o que está rolando, desde a sua concepção.
Isto não acontece quando falamos do modelo ágil porque nele existem muitas divisões dentro do projeto. A ideia é que existam vários mini-projetos dentro de um maior, o que facilita na hora de entregar pequenos e constantes incrementos (pacotes). Dessa forma, é possível estar apresentando novidades e recursos adicionais constantemente, mesmo que hajam problemas na equipe ou no desenvolvimento em si.
A ideia por trás disso é, no momento da entrega, conseguir juntar todas as funcionalidades desenvolvidas. Assim, até esse momento, cada equipe trabalha em uma funcionalidade diferente, ao invés de estarem todos programando no mesmo bloco monolítico, como é o caso do modelo cascata.
Benefícios dos métodos ágeis
Quando uma empresa adota os métodos ágeis, ela ganha em inúmeros sentidos.
Entregas Ágeis
Em primeiro lugar, podemos citar as entregas mais rápidas. Como existe esse desmembramento do projeto em equipes menores, a ideia é que sempre novos recursos estejam sendo lançados, já que cada equipe fica focada em uma funcionalidade.
Mais Transparência
Essa entrega mais rápida vem acompanhada de uma maior transparência no projeto. Como o objetivo é trabalhar ao lado do cliente, sempre entregando funcionalidades e obtendo feedbacks, isso acaba gerando uma presença mais constante do cliente no projeto, gerando mais transparência entre cliente e equipe de desenvolvimento.
Além disso, a relação de transparência também ocorre dentro do projeto, isto é, entre os membros da equipe. Mesmo com inúmeras equipes trabalhando juntas, todos sabem o que está rolando com cada equipe, o que proporciona mais sincronia e capacidade de gerenciamento do projeto como um todo.
Um exemplo clássico é do framework Scrum, que possui reuniões diárias e semanais a fim de que cada equipe possa externar seus sucessos e problemas. Assim, todos sabem em que pé está o projeto e se alguém precisa de ajuda.
Qualidade Final
Outro benefício da transparência no projeto é o impacto positivo causado na qualidade final do software. No método tradicional, o cliente só começava a “participar” do desenvolvimento lá nas etapas finais do projeto. Dessa forma, a expectativa do cliente (geralmente) não era atendida. Nesses casos, pouco poderia ser feito para melhorar essa insatisfação. Resumo da história, insatisfação do cliente e da equipe que não conseguiu entregar um produto de qualidade. Já, no modelo ágil, entende-se que a participação do cliente é essencial do início ou fim, o que resulta em um software mais alinhado com as expectativas finais do cliente e, por consequência, um produto de melhor qualidade.
Riscos Reduzidos
Outro ganho que existe com as metodologias ágeis está ligado aos riscos, que são reduzidos. Como o processo é adaptativo e aberto à mudanças, os bugs que são encontrados em testes (ou pelo cliente, ou pelo time de testes) podem ser mitigados rapidamente, já que não existe um planejamento fechado de desenvolvimento. Isso também é muito útil para melhorar a qualidade do projeto!
Mais?
Sim, aqui listamos apenas 4 vantagens dos métodos ágeis, mas com certeza existem inúmeros. Inclusive, tenho certeza que você deve ter outros benefícios na ponta da língua. Se sim, fique a vontade para complementar o texto nos comentários.
Mas para resumir, podemos dizer que os métodos ágeis proporcionam mais velocidade no desenvolvimento e mais qualidade no produto final. Por essas e outras, o modelo ágil é considerado, hoje em dia, uma das melhores opções para projetos de desenvolvimento de software!
Principais Metodologias Ágeis
Claro, não poderíamos encerrar o artigo sem, pelo menos, citar as 3 metodologias ágeis mais conhecidas mundo a fora: Scrum, XP e Lean. Continue lendo para saber um pouco mais sobre o funcionamento de cada:
Scrum
Como já falamos por aqui, o Scrum é uma das “metodologias” ágeis mais conhecidas e utilizadas do mercado. Na verdade, oficialmente, o Scrum é considerado um framework, e não uma metodologia, mas isso pouco importa aqui. O importante é que o Scrum é realmente incrível, como já explicamos nesse post para iniciantes em Scrum.
Uma das suas grandes vantagens é a sua fácil aplicação em projetos. Resumidamente, no Scrum, é elaborado uma lista de funcionalidades que devem ser desenvolvidas, criando a seguir os famosos sprints, que são as divisões onde cada funcionalidade deve ser criada.
Obs: claro, isso é o resumo do resumo, para saber mais, leia o post comentado acima.
Além dos sprints, todos os dias e semanas existem reuniões para discutir a evolução do projeto, dificuldades e novos prazos (caso necessário). Por ser um framework muito bem desenvolvido, não é toa que é considerado hoje o método ágil mais usado no mundo.
Se você se interessou (aposto que sim!), não deixe de olhar o nosso curso completo de Scrum. Nesse treinamento, o aluno aprende absolutamente tudo sobre o framework ágil mais usado no mundo. Não deixe de conferir o conteúdo completo do curso.
XP (eXtremeProgramming)
Apesar de ser uma metodologia dos anos 90, ela também faz parte dos métodos ágeis, já que se encaixa no que define o que é um método ágil, conforme o Manifesto Ágil. Ela é baseada em três pilares: agilidade no desenvolvimento, economia de recursos e qualidade do produto final.
Para que esses pilares possam ser sempre cumpridos, existe uma série de valores que são seguidos pelas empresas que utilizam esta metodologia, a saber:
- Feedback
- Coragem
- Respeito
- Comunicação
- Simplicidade
O principal objetivo da XP é garantir agilidade no desenvolvimento e a satisfação do cliente, através da utilização dos valores acima. Tais valores podem ser visualizados através de algumas práticas deste framework. Como exemplo, podemos atingir uma melhor comunicação e feedback através dos “Small releases“: prática que mantém o cliente sempre informado quanto ao andamento do projeto. Por sua vez, o cliente sempre diz o que está achando do processo de desenvolvimento (feedback).
Lean
Também conhecido como Lean Software Development (LSD), trata-se de uma metodologia de desenvolvimento que se baseia no famoso Sistema Toyota de Produção. Este é um sistema que consegue alcançar baixos custos e ótima qualidade, desde que aplicado corretamente.
Algo que o caracteriza é o cuidado para evitar desperdícios. Coisas como excesso de processos, códigos incompletos, defeitos e até mesmo a criação de documentos são atividades que podem atrapalhar (e muito o tempo!) a qualidade do desenvolvimento. Para evitar tais problemas, o Lean possui diversos mecanismos.
Um exemplo que podemos citar é o fato de que, no Lean, a equipe é responsável pela qualidade do projeto. Desta forma, o peso da responsabilidade do desenvolvimento deixa de estar somente nos ombros dos gestores, para então, ser algo compartilhado com toda a equipe. Isso melhora exponencialmente a forma como o projeto é encarado.
Outras Metodologias Ágeis
Além dos exemplos citados, existem muitas outras metodologias que podem ser consideradas ágeis. Entre as mais conhecidas, Kanban, Lean e FDD (Feature-Driven Development). Fique ligado em nosso blog que poderemos falar delas a qualquer momento! Se você tiver alguma favorita, deixe nos comentários, pois isso nos ajuda bastante na hora de decidir.
Onde estudar mais sobre isso?
Mais do que uma tendência, principalmente nas áreas de TI e de gestão de projetos, os métodos ágeis de desenvolvimento vieram para mudar a forma como aplicações são criadas. Hoje as metodologias ágeis têm sido cada vez mais usadas e você pode aproveitar esse crescimento para ser um especialista na área, ou ainda, usar como um conhecimento complementar. Convenhamos, técnicas de gestão de projetos são sempre bem-vindas. E o melhor! Muito bem remuneradas…
Como já comentamos antes, aqui na Becode temos o curso mais completo que você irá achar na web sobre o Scrum, que simplesmente é o framework ágil mais usado no mundo. Se você quiser continuar o aprendizado com esse curso, é só clicar na imagem que iremos colocar logo abaixo.
Esperamos que você tenha gostado do post e, se ficou qualquer dúvida, não deixe de comentar ou dar a sua opinião aqui nos comentários. Abraços e até a próxima!